Construída estrategicamente na margem norte do rio Tejo, entre 1514 e 1520, para defesa da barra de Lisboa, é uma das jóias da arquitectura do reinado de D. Manuel I.
A Torre de Belém é um referente cultural, um símbolo da especificidade do país que passa pelo diálogo privilegiado com outras culturas e civilizações. Guardiã da nossa Individualidade e Universalidade, viu este estatuto confirmado quando, em 1983, foi classificada pela UNESCO como "Património Cultural de toda a Humanidade".
Exterior
A visita à Torre de Belém deverá começar pelo exterior da Torre, na escadaria que lhe é fronteira. É deste local que melhor se pode observar a guarita do lado noroeste, à direita de quem está virado para a Torre, na base da qual está representado um rinoceronte, lembrando aquele que outrora chegou a Lisboa, oferecido pelo Rei de Cambaia ao Rei D. Manuel I.
Por cima das guaritas vêem-se duas imagens: do lado direito S. Miguel do lado esquerdo S. Vicente, padroeiro de Lisboa e desta fortificação. Ao nível do quarto pavimento encontra-se um caminho de ronda com merlões decorados pela cruz de Cristo.
Utilizando o passadiço chega-se à ponte levadiça. Esta ponte, combinada com uma porta de guilhotina e várias aberturas no tecto do compartimento da entrada, através das quais eram lançados projécteis, dificultava o acesso de invasores.
Baluarte
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Passando a ponte levadiça e a porta principal, tem-se acesso ao interior do baluarte onde, a toda a volta se dispunha a artilharia, nas 17 bocas das canhoeiras.
O pavimento apresenta-se inclinado para o exterior, proporcionando às peças de fogo uma posição segura, permitindo também o escoamento das águas.
Andrea Pravettoni |
Ao centro abre-se um pequeno pátio rectangular, o claustrim, com arcaria gótica a toda a volta, destinada a arejamento e saída de fumos resultantes dos disparos da artilharia. Sob a nave do baluarte, encontram-se alguns paióis, ao maior dos quais se tem acesso por uma escada do lado norte. Estes paióis eram destinados inicialmente a depósitos de aprovisionamentos, tendo sido utilizados, mais tarde, como masmorras.
Voltando um pouco atrás, e à direita de quem passa o átrio da entrada, uma escada íngreme conduz ao terraço do baluarte.
Chris Lee |
Terraço do Baluarte
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Tem à sua volta seis guaritas, no vértice das faces do polígono, comjanelas de vigia e cúpula de gomos.
Alexander Savin |
Ao centro, corre o parapeito correspondente ao claustrim do piso de baixo. A partir de 1580, foram erigidas neste terraço algumas construções destinadas a permitir um maior número de homens na guarnição mas que, mais tarde, vieram a ser demolidas para restituir à Torre de Belém o seu aspecto inicial.
Na face sul do referido parapeito, encontramos a imagem de pedra de Nossa Senhora do Bom Sucesso, também conhecido por "Virgem das Uvas".
Fachada Sul
Antes de iniciar a subida pelo interior da torre, e ainda no terraço do baluarte, deve observar-se a fachada sul da torre, que é a fachada principal.
Virada ao Tejo é a mais ricamente trabalhada. Ao nível do segundo pavimento, encontra-se um balcão corrido ou varandim, com arcaria de sete voltas perfeitas e adornadas por uma balaustrada rendilhada. Por cima, o escudo real de D. Manuel I ladeado por esferas armilares e ainda uma platibanda, correspondente ao caminho de ronda, decorada com cruzes da Ordem Militar de Cristo.
Pedro |
Seria esta fachada, com a simbologia régia e os elementos próprios da arquitectura manuelina, a impressionar no século XVI, viajantes e marinheiros que pela primeira vez entravam na barra de Lisboa.
É também nesta fachada que se abre a porta de acesso ao interior da torre.
Chris Lee |
Sala do Governador
Passando um lanço de escadaria direita, entra-se na primeira sala da torre onde se encontra a boca oitavada da cisterna que recolhia e armazenava a água das chuvas.
O tecto desta sala é abobadado, coberto de cal. Nos ângulos nordeste e noroeste vêem-se os acessos às guaritas. À esquerda, começa a escada de caracol que sobe até ao topo da torre e dá acesso às salas seguintes.
Aurora Seven |
O nome da sala vem, provavelmente, do facto de existir no século XVI o cargo de governador da Torre de Belém para o qual foi nomeado, logo em 1521, Gaspar de Paiva. O cargo de governador da Torre de Belém foi, desde sempre, de prestígio e de distinção real.
Para residência dos sucessivos governadores da Torre de Belém foi construído, nas suas imediações, um palácio.
Sala dos Reis
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Por esta sala tem-se acesso ao varandim ou balcão da fachada sul da torre, onde se pode observar no pavimento oito aberturas redondas, denominadas matacães, que permitiam à guarnição lutar e defender-se contra eventuais atacantes, disparando ou arremessando materiais contundentes através dessas aberturas.
A meio de cada um dos três outros lados da sala, abrem-se portas de comunicação para opulentas janelas de sacada, com aspecto de graciosos balcões de inspiração veneziana.
Pedro |
No ângulo noroeste encontra-se uma lareira de singela cantaria com cimalhete ornado de meias esferas.
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Sala das Audiências
Esta austera sala tem uma lareira para aquecimento mais modesta que a do andar anterior.
Na parede sul deste compartimento, rasgam-se duas janelas combalaustrada, de arco semicircular com arquivolta plena e colunelo torso. Na sua decoração intercalam-se duas esferas armilares e grande pedra de armas com brasão real.
Nos outros lados da sala, abrem-se vãos de janelas geminadas com arcos de volta perfeitos e colunelo central, denotando um acentuado equilíbrio ornamental.
Capela
Continuando a subida pela escada de caracol, chega-se à última sala cujo carácter de austera beleza lhe confere um ambiente próprio ao recolhimento. Seria nesta sala que se alojava o oratório para as imprescindíveis necessidades espirituais da guarnição.
A sala tem um de abóbada polinervada, ostentando nos seus fechos os símbolos régios manuelinos: esfera armilar, cruz de Cristo e escudo régio.
Terraço da Torre
Mark Huguet |
Do alto da Torre pode observar-se o estuário do Tejo e as suas margens, bem como toda a zona de Belém e os seus monumentos.
De costas voltadas para o rio e junto à amurada do lado Norte do terraço, pode avistar-se a Capela de S. Jerónimo que se encontra por entre o arvoredo no topo da Av. da Torre de Belém. Foi construída em 1514, nos terrenos pertencentes aos frades Jerónimos.
Um pouco para a direita admira-se, para lá do Centro Cultural de Belém, o Mosteiro dos Jerónimos.
De frente para o rio e na outra margem do Tejo, junto a umas construções de forma cilíndrica, detectam-se vestígios da Torre Velha, também conhecida por Torre de S. Sebastião. Mandada construir por D. João II e acabada por volta de 1480, esta torre fazia parte do sistema tripartido de defesa da barra do Tejo, cruzando fogo com a Torre de Belém.
Robert Nyman |
Horários
Outubro a Abril
Das 10h00 às 17h30 (última entrada às 17h00)
Maio a Setembro
Das 10h00 às 18h30 (última entrada às 17h00)
Encerrado: Segundas-feiras e nos dias 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1 de Maio, 13 de Junho e 25 de Dezembro
Andrew |
Fonte e mais informações em: torredebelem