quarta-feira, 19 de julho de 2017

Biblioteca Joanina, um Monumento no Meio da Universidade de Coimbra


A Biblioteca Joanina é uma biblioteca do século XVIII situada no Palácio das Escolas da Universidade de Coimbra, no pátio da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Apresenta um estilo marcadamente barroco, sendo reconhecida com uma das mais originais e espectaculares bibliotecas barrocas europeias. Além de local de pesquisa de muitos estudiosos, o espaço é ainda frequentemente utilizado para concertos, exposições e outras manifestações culturais. 


Exteriormente assemelha-se a um vasto paralelepípedo, onde se salienta o portal nobre, de estilo barroco, encimado por um grande escudo nacional do tempo do monarca que a mandou construir: D. João V. 


Em 2013 o jornal britânico The Telegraph, considerou a Biblioteca Joanina como "a mais espectacular do mundo". Devido à forte necessidade de preservação, em 2014 a Biblioteca entrou para a lista bienal do World Monuments Watch.




A sua construção começou no ano de 1717, no exterior do primitivo perímetro islâmico, sobre a antiga prisão do Paço Real, com o objectivo de albergar a biblioteca universitária de Coimbra, e foi concluída em 1728.



Apesar de ter sido construída no seguimento do projecto régio de reforma dos estudos universitários (consequência da difusão das correntes iluministas em Portugal), a Biblioteca Joanina é reconhecida como uma das mais originais e espectaculares bibliotecas barrocas europeias.



O mestre de obras foi João Carvalho Ferreira. A decoração pintada só foi realizada alguns anos mais tarde, já nas vésperas da Reforma Pombalina: os frescos dos tectos foram executados por António Simões Ribeiro, pintor, e Vicente Nunes, dourador. O grande retrato do Rei é atribuído ao italiano Domenico Duprà e a pintura e douradura das estantes foi realizada por Manuel da Silva. O mobiliário, em madeiras exóticas, brasileiras e orientais, foi executado pelo entalhador Francesco Gualdini.






Interiormente compõe-se de três salas que comunicam entre si através de arcos idênticos ao portal e integralmente revestidos de estantes, decorados a motivos chineses (na primeira sala em contraste ouro sobre fundo verde, na segunda, ouro sobre fundo vermelho e na última ouro sobre fundo negro).






É composta por três pisos: o Piso Nobre, espaço ricamente decorado, a face mais emblemática da Casa da Livraria; o Piso Intermédio, local de trabalho e funcionou como casa da Guarda; a Prisão Académica, que de 1773 até 1834 foi o local de clausura dos estudantes.


O Piso Nobre, terminado em 1728, começou a receber os primeiros livros depois de 1750, e actualmente o seu acervo é composto por cerca de 40.000 volumes. Toda a sua construção visa a conservação do acervo bibliográfico, desde a largura das paredes exteriores ás madeiras no interior. Ainda no auxílio à preservação dos livros, existem duas pequenas colónias de morcegos que protegem as colecções de insectos bibliófagos. Foi utilizado como local de estudo desde 1777 até meados do séc. XX, com a entrada em funcionamento da actual Biblioteca Geral.

A Prisão Académica funcionou inicialmente em dois aposentos sob a Sala dos Capelos, logo em 1559 - desde a sua fundação que a Universidade teve como privilégio um código judicial próprio, aparte da Lei Geral do Reino. Estavam subordinados a este código, o “Foro Privado”, todos os que de alguma maneira se encontravam ligados à instituição. Esta autonomia permitia à Universidade possuir Juiz – o Magnífico Reitor -, Guarda e Prisão.

Em 1773 a Prisão foi transferida para o edifício da Biblioteca Joanina que viu incorporados e recuperados os restos do que fora o antigo cárcere do Paço Real, e que documentam a única cadeia medieval que ainda existe em Portugal. Em 1834, e após a extinção das Ordens Religiosas, a Prisão serviu como local de depósito de livros, manuscritos e iluminuras que se encontravam em diversos mosteiros e conventos.

O Piso Intermédio foi sempre o depósito da Casa da Livraria, o qual era vedado o acesso aos estudantes e outros funcionários – o acesso seria sempre e somente dos Bibliotecários. Era também o local onde se reuniria a Guarda Real Académica, que a partir daqui acedia à Prisão Académica, abaixo.


Toda a sua arquitectura envolve um retrato de D.João V que, colocado na parede do topo do edifício, na última sala, funciona como "ponto de fuga" da biblioteca da Universidade de Coimbra, também chamada, noutros tempos, Casa da Livraria. A nave central da Joanina faz com que a sua estrutura se assemelhe à de uma capela, em que o retrato de D. João V ocupa o lugar do altar. A dourada moldura da tela imita uma cortina, que se abre para exibir, numa "esplendorosa composição alegórica", o rei.

A Joanina reúne cerca de 70 mil volumes, a maior parte dos quais no andar nobre. Aí se conservam os principais fundos de Livro Antigo (documentos até 1800) da Universidade. Os seus cerca de 1250 m² úteis actuais foram obtidos com o arranjo de dois níveis de caves, para depósito e salas de trabalho.


Fonte original: Universidade de Coimbra

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